segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Falando em política...

          "Só de sacanagem"
  (Elisa Lucinda )

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!


Ass: Estelinha
 
 

domingo, 10 de outubro de 2010

Frase da semana - marriage

Acabei de ler uma frase numa revista que me soou tão verdadeira que resolvi postar:

"O casamento não foi feito para os jovens. Ele é um exercício de contradições e decepções que exige maturidade para ensinar a amar"

bjos

Ass: Estelinha

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Olha-me! - Hilda Hilst

Hoje me deparei com um poema que mexeu tanto comigo que resolvi postar aqui, profundo... e com um toque selvagem... uma delícia!





Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

Ass. Estelinha 

o Dragão da humanidade

Não sei porque nem como, nem quando começou... até achei que era por causa da TPM, mas tenho conversado com amigos e amigas e constatei: há um mal estar geral que esta rondando todos os ares.
Achei no começo que era pelo desentendimento que tive com alguns amigos, mas até esses desentendimentos não tinham muita lógica. Hoje eu tentei me lembrar do que lia e ouvia sobre o mal estar da pós-modernidade na faculdade, mas não consegui. Acho que nenhuma teoria acadêmica poderia explicar isso de verdade. Os muros da faculdade limitam demais a realidade dela, que está fora da realidade da vida.
Comecei a concluir algumas coisas, talvez pela experiência vivida, talvez pelas vozes dos bons professores daquele lugar limitado que ainda me soan na cabeça. Acho que esse mal estar provém da teoria de que tudo que fazemos volta pra nós. Não, não estou dizendo que você seja mal, nem eu. Somos todos em desigual medida, responsáveis pelo mal do mundo. Nossa preocupação com o eu, com o próprio. A competição eterna, a busca pelas causas pelas quais temos que dar a vida. A falta de algo portentoso que contar. Talvez só agora eu possa olhar com um pouco mais de compreensão aquele namorado mentiroso que inventava para ele um mundo. A existência ás vezes, é pesada demais. E não há Kafkas, Saramagos ou outros que bastem. Literatura é bom, por isso, cada um inventa a sua.
Acho que esse mal estar é falta de Fé. Fé em Deus, num criador, no Universo... em qualquer ser que seja maior do que a nossa pequenice mesquinha. Que seja maior do que nosso falho caráter. Não é possível que tudo acabe em nós. Se eu pensasse que acaba, ia me desesperar mais.
Não sei onde tudo vai dar. Talvez ainda reste uma esperança de que algo mude na atmosfera do mundo*, antes que ele se acabe. Talvez seja apenas a TPM que hoje está mais forte. Esperança....
 
* mundo: palavra que designa aquilo de que são formados os seres humanos.

  Ass. Penélope

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas

 
Petrus escreve a Rosa...

"... Ouvindo um jazz bem piano bar, remoendo figuras e acontecimentos do passado... tentando constatar num cigarro algum refúgio... esperando que a tarde morna, de seu frágil timido azul, sugira alguma ação. E num talvez, no advir da noite, suscite-se alguma emoção. Que horas apó horas cintile esse tédio... enfim... nada substitui estar com você... minha rosa..."
 
Rosa responde a Petrus...

“...Meu pensamento em você é como um andarilho que mesmo percorrendo lugares diferentes vez em outra se depara com paisagens e rostos familiares que o remetem ao seu verdadeiro lugar...”

Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
                                              Fernando Pessoa

Ass: Estelinha

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Hoje

Tem dias em que eu tenho vontade de abrir um buraco na terra e me enfiar dentro dele, toda, cobrir até a cabeça e sufocar ali mesmo. Sufocar sem ar, porque sufoco na superfície eu já tenho... é mais do que a topeira de Kafka poderia imaginar. Em seu conto inacabado, no meio da Construção, aquela topeira era muito menos atormentada do que eu nesses dias. Não me falta inspiração. Não me faltam motivos de alegria. Tenho saúde, amigos, família e até paparicos que outrora não tinha. Tenho quase tudo eu acho. Mas me sinto vazia. Oca por dentro. Onde isso tudo começou? Não sei.. só sei que o buraco ta feito e não há nada que sirva para tampá-lo. Outro dia me peguei pensando se era eu gélida, fria mesmo. Tão diferente do resto das pessoas. E acabei com a certeza de que não, de que só não queria mais fazer parte dos “tolos de Hollywood”. Mas por alguma brincadeira astral, comecei a esquentar e passei par alinha que separa esse grupo, dos brutos do Rift Valley. E cá estou eu, perdida em pensamentos de tudo aquilo que já devia ter acabado faz tempo. Na verdade, o meu medo é que tudo caminha exatamente para onde eu imaginei que ia caminhar. Será que o próximo passo é a volta do fulano?

Bom, ademais disso tem a louca da anã que não me sai da cabeça. Alias, o problema todo esta nisso, Por que eu não sair da cabeça dela é uma coisa. Outra bem diferente é eu me importar com essa mesquinharia toda que ela está me proporcionando. Penélope, largue disso...

E tem a família. E tem as preocupações. E esses dias ando impaciente, grosseira.... sem nenhum tato com ninguém.Isso aumenta o meu vazio e a minha vontade de ter um buraco onde eu possa me enfiar inteira até que tudo isso passe.A topeira do conto não encontra caminhos que a levem para fora. Mas ela no fundo, não queria sair dali. Tenho eu que começar a querer minha libertação...

Ass. Penélope

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Find enough

Nunca me senti assim anestesiada. Em certos momentos a emoção me rodeia... até tateia... o olho pesa... penso comigo em silêncio "logo não tarda a rolar uma primeira lágrima", mas alguém me chama, o telefone toca ou outro pensamento me toma e passa.
Da próxima vez vou morder os lábios, assim... como faço quando saio do dentista anestesiada... dormente... se doer... é porque o entorpe não foi farmacológico... foi além.
Ando cansada de brigas até para buscar um ouvido... acho que ando fadigada até pra pedir colo... ou talvez discutir a relação... e assim... as coisas vão caminhando.
Sempre levei as coisas em banho-maria... até me irritar pelas tampas... aí minha brabeza vem a tona... fica leonina... mas até isso percebo que vem diminuindo... isso me fez lembrar de uma texto de Elisa Lucinda que diz assim "...Há dores que sinceramente eu não resolvo, sinceramente sucumbo; Há nós que não dissolvo e me torno moribundo de doer daquele corte do haver sangramento e forte que vem no mesmo malote das coisas queridas. Vem dentro dos amores dentro das perdas de coisas antes possuídas dentro das alegrias havidas..."; Será  o silêncio da coisa irrespondida?



Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida.  

Ass. Estelinha