Tem dias em que eu tenho vontade de abrir um buraco na terra e me enfiar dentro dele, toda, cobrir até a cabeça e sufocar ali mesmo. Sufocar sem ar, porque sufoco na superfície eu já tenho... é mais do que a topeira de Kafka poderia imaginar. Em seu conto inacabado, no meio da Construção, aquela topeira era muito menos atormentada do que eu nesses dias. Não me falta inspiração. Não me faltam motivos de alegria. Tenho saúde, amigos, família e até paparicos que outrora não tinha. Tenho quase tudo eu acho. Mas me sinto vazia. Oca por dentro. Onde isso tudo começou? Não sei.. só sei que o buraco ta feito e não há nada que sirva para tampá-lo. Outro dia me peguei pensando se era eu gélida, fria mesmo. Tão diferente do resto das pessoas. E acabei com a certeza de que não, de que só não queria mais fazer parte dos “tolos de Hollywood”. Mas por alguma brincadeira astral, comecei a esquentar e passei par alinha que separa esse grupo, dos brutos do Rift Valley. E cá estou eu, perdida em pensamentos de tudo aquilo que já devia ter acabado faz tempo. Na verdade, o meu medo é que tudo caminha exatamente para onde eu imaginei que ia caminhar. Será que o próximo passo é a volta do fulano?
Bom, ademais disso tem a louca da anã que não me sai da cabeça. Alias, o problema todo esta nisso, Por que eu não sair da cabeça dela é uma coisa. Outra bem diferente é eu me importar com essa mesquinharia toda que ela está me proporcionando. Penélope, largue disso...
E tem a família. E tem as preocupações. E esses dias ando impaciente, grosseira.... sem nenhum tato com ninguém.Isso aumenta o meu vazio e a minha vontade de ter um buraco onde eu possa me enfiar inteira até que tudo isso passe.A topeira do conto não encontra caminhos que a levem para fora. Mas ela no fundo, não queria sair dali. Tenho eu que começar a querer minha libertação...
Ass. Penélope